terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Maldição







Maldição


Ela irá chegar sóbria e quente.
Entrará na tua mente.
E fará te recordar.
Tudo o que me fizeste passar.


De manhã acordarás com a minha figura.
Durante o dia irás ver como a vida é dura
Sofrerás até compreenderes,
Que afinal, não tens tantos poderes.


O meu nome ficará cravado no teu pensamento.
No teu cérebro momento a momento.
Ao chamares por alguém, chamarás por mim.
Este pesadelo não vai ter fim.


Nos teus sonhos lá estarei.
A tua vida seguirei.
Para no final ser eu o juiz.
Pagarás tu, pelo o que não fiz

16/10/1988
Paulo Ramoa

Neste Local





Neste Local


Neste local.
Perdido no meio de tudo.
Haverá outro melhor?


Antes, já foi diferente.
Depois foi o que foi.
Foi um sentimento.
Uma acção, uma vida…….(Neste Local)


O nome, está perdido,…….(Neste local)
Por entre seres,
Sem nome.
O mundo escondeu-se……(Neste local)


Perdeu-se tudo……………(Neste local)
Voltamos ao passado.
Tudo é diferente.
Os números, as letras.


O desgaste da vida
Batalhas queridas
Passeios nocturnos.
Sob a vista da lua…………(Neste local)


Tentativas goradas
Multidão de ninguém
Desfiles nas avenidas ……..(Neste local)


Chuvas desnorteadas.
O norte está aqui…………..(Neste local)
O sul ali……………………(Neste local)


Suplicas dobradas.
Sobre alguém
Que se não acha……………Neste local


Os sonhos .
Não se realizam……………Neste local


Atirai pedras……………….A este local
Desfazei as ruas……………Deste local
Choro desfeito
Em lágrimas duras.


Donos sem cargo.
Liberdade, prisão.
Estradas de nuvens
Tomam posições.
Cara a cara,
Corpo a corpo……………..Neste local


Arvores desfolham-se……..Neste local
Medo possessivo
Olhares traiçoeiros
Fugitivo do fogo…………..Neste local


Temor, raiva
È tudo fingido.
Nos Deuses de agora………Deste local
Jogadores ocultos………….Neste local


Jogadas apagadas
Traição, traição
Fotografias vigiadas
Traição, traição…………….Neste local


Sons de tambores.
Choros convulsivos
Adoração fanática.
Desgostos, desgostos………Neste local

18/04/1985
Paulo Ramoa

Homem Só




Homem Só



Um Homem só, caminha.
Perdido no pensamento.
Simplesmente conta os passos,
Sem de isso ter a noção.

Com a pele queimada,
Peço sol, pela vida.
Assalta ilusões sem querer.
Recebe desilusões sem as perceber.

Um Homem só
Sente-se ausente
Cresce nele a ânsia.
Um Homem só. Sofre.

Cansado e amargurado,
Luta pelo seu ideal.
Por vezes sonha acordado.
Aos poucos enlouquece, atordoado.

Um Homem só.
Vagueia pelo luar.
Olha as estrelas.
Esquece o passado.


Paulo Ramoa
Julho 1990

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

No Outro Lado de Mim

I – VIDA


A vida existe.
E eu, nela metido
Até aos olhos ou mais

Sobretudo, tudo me foge.
Escoltar alguém, a minha missão.
O que queria? Deixem lá
Tudo o que queria, desabou.

Foi um barco que afundou,
Uma dança que acabou.
Dos sobreviventes, eu perdi-me.
O outro salvou-se.

Só é uma situação.
Sozinho, um estado de só.
Solidão, espírito sozinho
E eu de mãos dadas com a solidão.



II – VINGANÇA


Quando as pombas choram,
Os amigos acorrem.
Olha-se para longe,
E eu aqui tão perto

Vingança pedida,
Pedido recusado.
Não mando em ninguém,
Todos mandam em mim.

Mau, é o que não sou.
Tocado com força, abanei.
Sons inteligentes.
Porque será que as rosas têm espinhos?

E ela não me quer.
Eu que faça o que quiser.
O mal do mundo.
Ver-se só por um lado.

Amor, divide-se em dois.
Duas pessoas, que pensam por dois.
Egoísmo, o mal do amor.
Conclusão, não sou egoísta.

O regresso, em ocasiões,
É impossível, mais que isso.
Por isso não lhe peço.
Que regresse.

Mas o impossível, não sei o que é.
È por sua vez impossível.
Sendo assim desisto e peço-te
Que voltes a ser minha.


III – SONHO


Há em mim algo,
Pudera, tenho tanta coisa.
Tem disto? E daquilo?
Logo vi, aqui não tem nada.

È como eu, tanta coisa.
Só que não é o que quero.
Paciência, é o melhor a ter,
Para aturar isto tudo.

As palavras são rudes.
Os sons não são bonitos.
A verdade por vezes é feia
Os sonhos são lindos.

Bem, mas vamos lá sonhar.
Eu queria, queria, …queria.
Queria não. Quero-te toda
Toda dos pés à cabeça.

De sonhar estou cheio,
As notícias não são risonhas.
O futuro é uma incógnita,
Senão não seria futuro.






IV – LOUCURA

Deixemos isso, vamos caminhando.
Loucura , pode ser a minha doença.
Mas alguns precisam,
De mais cuidados que eu.

Precisava de ser maluco.
Queria fazer uma coisa.
Mas vendo bem as coisas.
O tolo sou eu.

Pois vejamos:
Deixei-te ir com tudo.
Não te fiz nada.
Não te vou fazer nada.
Agora peço-te que voltes.

Sei que amanhã é amanhã.
Que hoje é hoje.
Sei também que foste,
E que estou a ficar desnorteado.


V – VERGONHA

A vergonha pode ser.
O que nós quisermos.
Só que há quem não a tenha,
E nós quiséssemos que a tivesse.

Todos me olham com pena.
Coitado lá vai ele,
Com as mãos nos bolsos.
Digo-vos, penas têm as galinhas.

Essas coitadas, só servem.
Para por ovos, e ficar sem pescoço.
Depois são comidas.
Será que eu fui comido também?

Era capaz de fazer alguma coisa.
Se tivesse as certezas.
Curava esta doença,
Que em vão me atacou.

Pois não precisa de atacar
Já que o vírus não me larga
A doença é crónica.
A minha única dor és tu.

VI – BRINCADEIRA

De volta ao começo
Digamos que fui um brinquedo.
Duvidosa brincadeira.
Quem brinca com fogo, queima-se

Caras tristes, chorosas.
Alma perdida por aí.
Confusão nas outras pessoas.
Atordoado com o que se está a passar.

Eu hei-de seguir,
Eu hei-de seguir.
Para onde? Não sei.
Talvez para nenhum lado.

Na tentativa de mim.
Andam, buscam, estragam-se.
Forma-se um muro.
O amor atraí.

Atracção física,
Busca da imaginação.
Fuga à realidade,
Fuga à verdade.

As unhas cravaram-se,
Num dialogo, numa esperança.
Para alem disso,
Resumiu-se em nada.

Simplesmente nada.



Paulo Ramoa
18-30/09/1985

terça-feira, 14 de outubro de 2008

CINZENTO







CINZENTO



Dos olhos surgia um sonho desfeito.
Um incorrigível tom de desalento.
Foi uma sedução sem brilho, amordaçada.
Uma fonte de lágrimas, um rompimento

O Céu esboçava uma cor adormecida.
Um longo passado muito lento.
Foi uma história sem razão silenciada.
Uma suspeita de amor, um sofrimento.

O corpo sugeria um insensato efeito.
Um ofegante segredo, um momento.
Uma noite sem fim, atraiçoada.
Uma tentação de amor, um instrumento.

Um som imitava uma voz enternecida.
Um insensível desejo, de tormento.
Uma vida sem dó, assassinada.
Uma sombra de medo, um movimento,


10/1992

SUBTILEZAS (As conquistas calmas)



SUBTILEZAS (As conquistas calmas)


Naquele corpo, há mistérios por desvendar
Na sua mente, há desejos por matar.
Cada dia é um sonho, uma nova tentação.
È um diferente despir, um toque de emoção.

Há ideias novas a experimentar,
Em envoltos ambientes, ….sem forçar.
Chocando interesses, por vezes distantes.
Ignorando o tempo, esquecendo os instantes.

Trazendo vitórias, espécies de consagrações
Escapadas da moral, como que ilusões.
São imagens reflectidas, em tela inacabada.
Deslocadas da realidade, duma ideia incontrolada.

São conquistas, provenientes da alma.
São viagens de prazer, devoradas com calma.


28/09/1990

quinta-feira, 22 de maio de 2008

MADRUGADA










MADRUGADA


Pela madrugada dentro, numa noite vazia de significado.
A vida é modificada, é sonhadora.
Vultos passeiam. A noite é tentadora

E mergulhamos na escuridão, num misto de cores estranhas.
Num ambiente de culto, que cativa,
Com um som avassalador, que motiva.

O corpo, a mente, a atingir o ébrio, uma espécie de fuga de libertação.
Uma evasão de sentimentos, de frustrações
Um conjunto de ideias, de emoções.

Dança-se até á saturação, percorrendo sonhos, criando mitos.
Com olhares desviados, a cultivar tentações.
Há passos inovadores, a chamar atenções

Pessoas a tentar matar a solidão, gastam horas simplesmente em vão.
Procuram consolo, uma companhia.
Buscam desesperadamente uma alegria

Inventam-se paixões momentâneas, cheias de emoção, de desejo.
Invadem-se caminhos proibidos.
Experimentam-se delicados sentidos.

Pela madrugada dentro, há pessoas a matar a solidão.
Mergulham na escuridão.
Dançam até á saturação


Out.1990

LUZ




LUZ

A Luz não se irá apagar.
Sem que tu saibas a verdade.
E depois vais voltar,
Com a tua bondade.

Não mais te vou esquecer.
Porque tu me vais querer.
Porque eu te quero ter.
Para não mais te perder.

Eu irei cantar-te
Até mais não saber.
Não te quero perder.
Não te quero deixar.

Meu amor, vem amar.
Para te compreender.
Nunca mais hei-de ter.
Palavras para te louvar.

A Luz não se irá apagar
A luz para não te perder
Até eu querer.
Meu Amor vou-te beijar


29/11/1983

quarta-feira, 19 de março de 2008

REFUGIO



                                                Refúgio

Em cada um de nós há um céu (um planeta distante, um local de refúgio) de tréguas

Afirmação inicial feita num período de inspiração momentânea

Em cada um de nós há um céu, em que num momento nos recordamos de alguém que gostaríamos de ter conhecido melhor.

O Céu pode ser tudo, o universo, um pouco de pó, uma figura, um nome .

Céu, pode ser uma menina que eu quero.

Todos nós podemos ter um planeta, algo que rode à nossa volta , imaginando que somos um sol.

Eu quero ter um planeta só meu

Um local de refúgio podemos ser nós mesmos, 
um local de refúgio pode ser alguém em que esse local de refúgio seja mútuo, 
onde nada existisse a não ser o momento

Eu queria ter e ser um local de refúgio

Um Céu é um planeta distante, um local de refúgio, algo inexistente na vida de cada um.