segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Ser






SER

Tenho medo do meu ser, do que ele quer.
Sonho com um destino cruel, solitário.
Espero solenemente pelas sombras.
Olhando os espelhos, buscando uma paz.

Tento um salto no infinito, um olhar.
Através de um sentimento, da dor.
Alcançar o universo, a vida.
Tocar com palavras um coração.

Experimento uma nova oração.
Uma estranha ovação aos ventos.
Prometo um passado, pesado, sujo.
Revisto numa noite estrelada, ao luar.

Procuro a verdade, numa densa floresta.
Escolho as armas, verdadeiras ameaças.
Nomeio acções, prolongadas pela vingança.
Sorteio os mártires em actos de diversão.

Tenho medo do meu ser, do que sente.
Amplamente apunhalado, atraiçoado.
Amordaçado poderá explodir de raiva
Livre, viverá com uma tarde calma.

Sinto o tempo a passar, dançando.
Acarinhado, por belas princesas, envenenadas.
Mostro as marcas, as intervenções.
Julgo a passagem por um inferno desejado.

01/1992